sábado, 19 de dezembro de 2015

FRED CAJU INICIA A PRÉ-VENDA DE NOVO LIVRO
“as tripas de francis conceição por ela mesma” é um poemário caracterizado pela linguagem simples, direta e, por vezes, sarcástica da narradora-pe
rsonagem do livro. Contém um discurso que visa a perturbação da norma através do eu-lírico feminino criado pelo autor. a obra levanta questões de gênero, sócio-econonômicas e etnico-raciais ao longo das páginas.
       A edição foi feita completamente à mão pelo próprio autor. a tiragem é de 150 exemplares numerados. Todo o livro busca proporcionar uma experiência sinestésica e sensorial no leitor através de um alto-relevo e um sistema de abrir/fechar na capa, dos papéis escolhidos, da tipografia utilizada e do projeto gráfico da edição.
Serviço:
as tripas de francis conceição por ela mesma”
Poemas, 96 páginas
Edição na tora, 2015
R$ 25,00
Para saber mais acesse: http://fredcaju.tumblr.com/

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Entre Quatro Paredes de Poesia

         A receita é a seguinte. Pegue quatro garotas na faixa de 20 anos. Duas de Caruaru, uma de Osasco e outra de Sorocaba. Que sejam poetas, cada uma com estilos próprios, junte elas pela internet, mexa bem, e ai um livro de refinada poesia.
         Tenha cuidado de colocar seus nomes em ordem alfabética para evitar ciúmes. Quatro garotas com a poesia entre quatro paredes. Dayan Marchini, Marcela Pinheiro, Raquel Coronel,  Thaciana Rodrigues.
Depois da seleção de quais trabalhos iriam para o livro, da escolha do título, capa, sinopse e todos os detalhes que envolvem a obra, finalmente nasceu Entre Quatro Paredes de Poesia. Uma obra hoje concreta, mas que teve como pilares apenas o sonho comum de quatro jovens escritoras de fazer com que a poesia que vive em cada uma, voasse para os corações de quantas pessoas pudesse alcançar.
         Vale a devorar o livro. Feito por meninas feito gente grande. Almas velhas que dominam a palavra.
         Uma delas revela que "É sempre entre quatro paredes, onde tudo é permitido e o verso é livre, na intimidade do ser e nos recantos da alma, que nasce a poesia. Alma que se revesa em ser nada, quando se enche de mundo, ou ser literatura, quando se derrama em versos”.
Entre Quatro Paredes de Poesia reúne trabalhos de quatro jovens que utilizam a arte como elemento transformador e libertador, quebrando toda resistência ao amor e atravessando quaisquer muros que possam existir dentro de você.


         O livro é interessante e não é vendido em livrarias. Tudo pelo fone (81) 9436-4463. Ou pelo site http://entre4paredesdepoesia.jimdo.com/

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Escrito por José Castello

“Sempre me aborrece quando as pessoas esperam de mim uma grande precisão, como se eu fosse Angus Wilson ou Jean-Paul Sartre ou Borges, alguém com uma grande capacidade crítica. Eu não a tenho; tenho intuições”. Encontro esta corajosa declaração de Julio Cortázar no verbete “Crítica”, de Cortázar de A a Z, livro organizado por Aurora Bernárdez e Carlos Garriga para a Alfaguara, de Madrid. Nela se realça a importância de algo que os escritores de hoje, em geral cheios de si, costumam desprezar: a intuição. Posso avançar mais um pouco: nela se afirma o papel da ignorância na literatura.
Modestamente, e um pouco envergonhado, eu tomo emprestadas as palavras de Julio Cortázar. Sempre que o porteiro me entrega uma correspondência dirigida ao “crítico” José Castello, sinto calafrios. Meu primeiro impulso é o de devolvê-la, como se não me pertencesse. Cortázar me ajuda a ver que, de certo modo, ela não me pertence mesmo. Ao escrever sobre literatura — como agora mesmo eu faço —, trabalho muito mais com a intuição do que com a teoria. Muito mais com o que não sei do que com o que sei. E não tenho vergonha alguma em dizer isso.
Reconheço a importância dos conceitos, mas não sou um homem feito para eles. Sou disperso demais, bastante irracional, impulsivo em excesso para merecer a classificação honrosa de crítico literário. Tudo o que faço é dialogar, com palavras simples, diretas, às vezes até irrefletidas, com o que leio. Clarice dizia: “Não sou eu quem escrevo, são os livros que me escrevem”. Posso me arriscar, aqui também, a imitá-la: “Não sou eu quem leio, são os livros que me leem”.
Às vezes, me dizem: “Você é intuitivo demais. Vá mais devagar, pense mais um pouco”. Gostaria de ser assim, mas não sou. E por isso me espantam tanto os escritores que escrevem agarrados à sua técnica — seja ela “intelectual”, ou simplesmente uma técnica “de mercado”. Creio francamente que mesmo os escritores mais metódicos não têm muito controle sobre suas palavras. Esforçam-se, concentram-se, empenham-se, mas algo — que está além deles, embora esteja sempre dentro deles — os arrasta. Algo os submete e comanda.
Busco novas pistas para sustentar o que digo nas palavras que roubo de Cortázar. Há algo de aleatório e gratuito em toda escrita e também em toda leitura. Algo de impulsivo — que não se pode controlar e que exige a experiência do vazio, ou da atração pelo nada. No mesmo livro, encontro um trecho de uma entrevista de Cortázar a Sara Castro-Klaren que me ajuda a pensar. Depois de lembrar que não consegue ouvir música enquanto lê, o escritor argentino diz que prefere ler enquanto espera seu voo em um aeroporto, ou a um amigo em um café, “porque esses são os vazios, os tempos ocos que o sujeito não procurou por si mesmo, mas os horários a que a vida te condena”. Intervalos, momentos em que a atenção flutua e o espírito se distende, podendo então tomar posse plena de si mesmo e entregar-se ao imprevisível. Também para escrever, creio, o escritor necessita de certa flutuação — navegação cega no espaço do desconhecido —, ou as palavras não lhe chegam.
Um escritor (um leitor) não trabalha com aquilo que sabe, mas com aquilo que não sabe. Soubesse, e não escreveria. Justamente por isso não compartilho da ideia de que o escritor é um intelectual — embora seja com as palavras e as ideias que ele, de fato, lida. Como um intelectual, um escritor trabalha com pensamentos; só que, em vez de dominá-los, se deixa atropelar por eles. Ele se permite o inesperado e até mesmo a derrota. Derrota de que? Derrota do saber organizado, do pré-existente, do canônico. Derrota de todos esses saberes que, em vez de empurrar um escritor, emperram seu caminho. “Tenho que aprender a ver, ainda não sei”, resumiu Cortázar em uma carta a Maria Rocchi, do ano de 1952. “Sigo olhando, olhando, não me cansarei nunca de olhar”, escreve, no ano seguinte, a Eduardo Jonquières. Cabe ao escritor uma atitude de espera e, sobretudo, de entrega. Estar disponível para o imprevisto, deixar-se envolver pelo que ignora para só então encontrar algumas palavras que prestem.
Talvez por isso, um dos grandes vícios de Cortázar fosse dar longas caminhadas sem destino, pelas ruas de Buenos Aires ou de Paris. Passear, andar sem rumo, perder-se. “É impossível dizê-lo com palavras: nesse estado em que avanço como um pouco perdido, como em uma distração que me leva a observar os letreiros, os cartazes dos bares, a gente que passa e estabelecer todo o tempo relações que compõem frases, fragmentos de pensamentos, de sentimentos, tudo isso cria um sistema de constelações mentais”. São essas constelações mentais, prossegue Cortázar, “que determinam uma linguagem que não posso explicar com palavras”. Escrever é lidar com experiências que estão muito além de qualquer explicação. É viver intuitivamente. São momentos em que o pensamento crítico se retrai, cedendo espaço ao fortuito e à surpresa. Momentos em que o escritor faz contato com sua ignorância — em que ele tira partido dela. A ignorância se torna, então, um espaço vazio no qual o novo pode, enfim, se instalar.

Em A volta ao dia em oitenta mundos, Julio Cortázar nos fala de um sentimento infantil e persistente: a consciência “de não estar completamente”. Algo que ele encontra nas crianças e que persiste dentro de si mesmo. Trata-se do sentimento de “não estar de todo em quaisquer das estruturas e das telas que a vida nos arma”, ele explica. Numa palavra mais direta, que ele encontra logo depois: o sentimento de excentricidade, no qual “entre viver e escrever não se estabelece nunca uma clara diferença”. A vida arrasta a escrita, mas a escrita, do mesmo modo, injeta na vida sua potência. Nesse jogo de dupla direção, o escritor ocupa um lugar “entre” — entre o mundo e a palavra. O lugar de simples intermediário. Território vacilante e incoerente. “Escrevo por não estar, ou por estar apenas em parte. Escrevo por falência, por deslocamento”, nos diz Cortázar. Empurrado pelo acaso, espremido por forças que não controla, o escritor avança sobre o que desconhece. E desse desconhecido se alimenta.

domingo, 1 de novembro de 2015

por Frederico Spencer

“mais uma tarde está indo
                                  embora
a noite já se arruma com suas luzes”.

Miró



Quando leio um livro de poesia enfrento, de cara, algumas perguntas interessantes: qual a função da poesia para o poeta?  Qual a função da poesia para o mundo e ainda, qual a função da palavra para o poeta? O caminho mais curto, se este existe, é começar pela última pergunta, neste caso “os últimos serão os primeiros”. A partir daí buscar as respostas que faltam neste quebra-cabeça.

A palavra é a ferramenta primordial do poeta para exercer seu ofício. Nesta relação deverá haver além do amor incondicional, um estreito relacionamento entre ambos, neste caso, o amor não pode ser platônico, mas carnal.

É preciso, antes de tudo, conhecer o signo e suas multifaces, esmiuçar sua alma, despir a palavra de seu primeiro encanto - que é o maior problema para aqueles que gostam de escrever, entregar-se no seu primeiro beijo. Antes de assumi-la deve-se desconfiar dela, de sua plástica, de sua estética, de sua prosa. O foco é sua alma, dissecar seu interior em busca de seus mistérios - qual medusa ela recusa o olho no olho - portal de seus medos.

Miró mostra esse poder de trazer ao mundo o conteúdo simbólico de sua alma de poeta, não se entrega à atração feminina do símbolo, ao contrário, retira dele a substância necessária para transformar em matéria viva suas inquietações de artista vivente num mundo antagônico: “As pessoas estão passando / para mais uma segunda-feira / eu sentado no banco da praça / ainda sou domingo”. Forjando dessa maneira, numa bigorna, o conteúdo de seu pensamento estético, do seu “estar no mundo”.

No verso: “olhei para o passado / as folhas do calendário / caindo”, a poesia retoma seu papel, desmistificando-se em relação ao poeta, de transformadora da realidade, jogando escritor e leitor a outro mundo: subjetivo e rico de significações, transcendendo o cotidiano para outro universo sem datas para acabar, o homem alcança sua infinitude através da escrita, documento de sua estada neste planeta, sem a solidão aparente da vida: “solidão é no caixa eletrônico / esquecer a senha”.


Assim é Miró e sua poesia, todas as perguntas foram respondidas.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Programa 27


A primeira temporada do programa Observatório Literário constou de 26 programas que iniciamos na metade do mês de setembro de 2011.
Desde o inicio, com objetivo de ser um programa feito por escritores para escritores. Contar um pouco de tudo que acontece na vida literária de Pernambuco.
Abrindo espaço para a diversidade literária, estilos, grupos e segmentos, trazendo o melhor da cultura pernambucana.
Neste último programa da temporada, o tema são as frases ditas, ao longo destes seis meses, por escritores, editores, poetas, contistas e outros sonhadores da arte literária, além dos melhores momentos do Recital, onde os poetas apresentam seus melhores poemas.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Programa 26

Uma nova profissão surge na literatura: o Diretor de Arte para os contistas. Poeta Mariane Bigio lança coletânea de cordéis para crianças hoje à tarde em Boa Viagem. Ainda sobre literatura para crianças um bate papo com a escritora Marise Gusmão. Roberto Azoubel, Diretor do Ministério da Cultura, fala de editais de incentivo a publicação de livros. No final a presença da escritora Gerusa leal. UBE discute o realismo fantástico esta semana. 

Programa 25

Existe uma critica literária pernambucana? Este é o tema de hoje de uma interessante participação do jornalista Thiago Correa. Aqui também um bate papo com o poeta Malungo.  A UBE prepara festa de aniversário dos 54 anos de fundação. Tudo isso e muito mais no observatório Literário de hoje.